Após registrar o maior lucro líquido de sua história, atingindo R$ 188,3 bilhões e subindo 76,6% em relação a 2021, a Petrobras seguirá atuando com foco principal na exploração e produção de petróleo, gás natural e derivados, mas sem deixar de perseguir os caminhos para o protagonismo na transição energética. O presidente Jean Paul Prates disse que esse momento está cada vez mais próximo em direção às diversas fonte renováveis e sustentáveis, e que o próprio core business da estatal irá construir e financiar esse futuro.

“Temos grande evidência na descarbonização com o maior programa do mundo e vamos manter nosso foco no pré-sal, primeiro porque é nossa atividade principal e é importante justamente para financiar em parte essa transição energética”, comentou o executivo durante a teleconferência da companhia nessa quinta-feira, 2 de março.

A produção total comercial da petroleira em 2022 totalizou 2,361 milhões de barris de óleo e gás por dia (Boed). O número representa uma queda de 4% em relação ao ano anterior. Já nas camadas do pré-sal, que correspondem atualmente por 73% do total produzido pela empresa, subiu apenas 1,2% na comparação anual.

Prates ressaltou existir várias formas da corporação ir costurando e alimentando a transição energética sem tirar o foco da extração e produção dos tradicionais combustíveis, que irão angariar 83% dos investimentos da petroleira nesse ano. Pensando mais no longo prazo ele lembra que a eólica offshore e o hidrogênio verde já estão previstos nos planos do setor e que o conhecimento da estatal em águas profundas coloca o Brasil em posição privilegiada nesses mercados.

Presidente da Petrobras respondeu oito perguntas de analistas financeiros na manhã dessa quinta-feira (02)

“Os mesmos fornecedores e prestadores de serviços estão presentes, como armazenamento de carbono, tecnologias de perfuração de poços, reinjeção, entre outros”, destaca o presidente, salientando também que a companhia sequer explora metade do potencial do gás natural brasileiro, classificando-o como o combustível da transição.

Questionado sobre possíveis subsídios para o advento do H2V no país em maior velocidade e escala, Prates afirmou não ver com bons olhos esse tipo de encargo, mas que no futuro poderão ser estabelecidas políticas de governo, incentivos e induções para que a transição desse vetor energético aconteça de forma mais rápida, com a companhia devendo realizar esse tipo de prospecção somente através de parcerias com outras companhias.

“Diria que o hidrogênio não é o carro chefe da nossa análise de curto e médio prazo e que existem fronteiras anteriores, como a própria regulação que está sendo feita aqui no Brasil e em discussão no Senado e na Câmara Federal”, conclui.

Dividendos e resultados financeiros

Sobre uma política adequada de dividendos, o executivo pontuou que as decisões são pautadas entre o conselho, assembleia e diretoria em prol de bons investimentos e em remunerar o acionista. “É possível dialogar com investidores antes de tomar decisões que eles não gostem, tem que ser algo bom ser sócio do estado brasileiro e é isso que queremos seguir adiante”, aponta, confirmando a previsão da robustez de novos lançamentos no futuro.

Por falar no assunto a estatal aprovou ontem o pagamento de R$ 35,7 bilhões em proventos, com dividendos equivalentes a R$ 2,74573369 brutos por ação preferencial e ordinária em circulação. A proposta será levada à Assembleia Geral de Acionistas, que acontece em 27 de abril de 2023.

Quantos aos resultados financeiros, o lucro líquido da petroleira no quarto trimestre de 2022 ficou em R$ R$ 43,341 bilhões, mostrando crescimento de 37%. Como causa principal para o impulsionamento do resultado histórico anual, foi referido o aumento de 43% do preço do barril do petróleo no exterior, além de outros fatores como maiores preços de derivados e gás em um ano de continuidade da retomada da demanda mundial e com oferta impactada pela guerra na Ucrânia.

Assim a receita líquida subiu 48% no ano que passou e o Ebitda atingiu volume recorde de R$ 340,5 bilhões, alta de 45% em relação a 2021, e R$ 73,1 bilhões no último trimestre. Em 2022 também houve um recorde no pagamento anual de tributos e participações governamentais no país: R$ 279 bilhões. A dívida financeira da empresa fechou o período em US$ 30 bilhões, 16% a menos do que no ano anterior.

Outro destaque aferido nas demonstrações financeiras foi a redução de 15% na importação de gás boliviano e de 74% no volume de GNL regaseificado, o que é essencialmente explicado pelo menor despacho termelétrico diante do cenário hidrológico favorável para os reservatórios hidroelétricos.

Em gás e energia os aportes da estatal totalizaram US$ 99 milhões no quarto trimestre, 52% maiores quando comparados ao período anterior, sendo aproximadamente 88% em manutenção. O incremento decorreu em função principalmente de paradas programadas e manutenções corretivas de térmicas.